sexta-feira, 4 de março de 2011

VOADA

Eu já sabia
Que o sabiá
Cantar-lhe-ia, ou
Iria Cantar ao Jatobá

Se a noite vai morrendo
E o dia vem nascendo
Aí, eu vou acordando
Ouço o sabiá cantando

Quem me dera sabiá!
Que soubera o teu cantar
Se cantarias, sabia
Saber, é antes pensar!!

Chico Walderêdo
05/03/2011



sábado, 12 de fevereiro de 2011

A VISITA DA VERDADE

            Certa feita, disse o Mestre que só a Verdade fará livre o homem; e, talvez porque lhe não pudesse apreender, de imediato, a vastíssima extensão da afirmativa, perguntou-lhe Pedro, no culto doméstico:
            - Senhor, que Verdade é essa?
            Jesus fixou no rosto enigmática expressão e respondeu:
            - A verdade total é a Luz Divina total; entretanto, o homem ainda está longe de suportar-lhe a sublime fulguração.
            Reparando, porém, que o pescador continuava faminto de conhecimentos novos, o Amigo Celeste meditou alguns minutos e falou:
            - Numa caverna escura, onde a claridade nunca surgira, demorava-se certo devoto, implorando o socorro Divino. Declarava-se o mais infeliz dos homens, não obstante, em sua cegueira, sentir-se o melhor de todos. Reclama contra o ambiente fétido em que se achava. O ar empestado sufocava-o - dizia ele em gritos comoventes. Pedia uma porta libertadora que o conduzisse ao convívio do dia claro. Afirmava-se robusto, apto, aproveitável. Por que motivo era conservado ali, naquele insulamento doloroso? Chorava e bradava, não acultando aflições e exigências. Que razões o abrigavam a viver naquela atmosfera insuportável?
            Notando nosso Pai que aquele filho formulava súplicas incessantes, entre a revolta e a amargura, profundamente compadecido enviou-lhe a Fé.
            A sublime virtude exortou-o a confiar no futuro e a persistir na oração.
            O infeliz consolou-se, de algum modo, mas, a breve tempo, voltou a lamuriar.
queria fugir ao monturo e, como se lhe aumentasse as lágrimas, o Todo-Poderoso mandou-lhe a Esperança.
            A emissária afagou-lhe a fonte suarenta e falou-lhe da eternidade da vida, buscando secar-lhe o pranto desesperado. Para isso, rogou-lhe calma, resignação, fortaleza.
            O pobre pareceu melhorar, mas, decorrida algumas horas, retornou a lamentação.
            Não podia respirar - clamava, em desalento.
            Condoído, determinou o Senhor que a caridade lhe procurasse.
            A nova mensageira acariciou-o e alimentou-o, endereçando-lhe palavras de carinho, qual se fora abnegada mãe.
            Todavia, porque o mísero prosseguisse gritando, revoltado, o Pai Compassivo enviou-lhe a Verdade.
            Quando a portadora de esclarecimentos se fez sentir na forma de uma grande luz, o infortunado, então, viu-se tal qual era e apavorou-se. Seu corpo era um conjunto monstruoso de chagas pustulentas da cabeça aos pés e, agora, percebia, espantado, que ele mesmo era o autor da atmosfera intolerável em que vivia. O pobre tremeu cambaleante, e, notando que a verdade serena lhe abria a porta da libertação, horrorizou-se de si mesmo; sem coragem de cogitar da própria cura, longe de encarar a visitadora, frente a frente, para aprender a limpar-se e a purificar-se, fugiu, espavorido, em busca de outra furna onde conseguisse esconder a própria miséria que só então reconhecia.
            O Mestre fez longa pausa e terminou:
            - Assim ocorre com a maioria dos homens, perante a realidade. Sentem-se com direito à recepção de todas as bênçãos do Eterno e gritam fortemente, implorando a ajuda celestial. Enquanto amparados pela Fé, pela Esperança ou pela Caridade, consolam-se e desconsolam-se, creem e descreem, tímidos, irritadiços e hesitantes; todavia, quando a Verdade brilha diante deles, revelando-lhes a condição em que se encontram, costumam fugir, apressados, em busca de esconderijos tenebrosos, dentro dos quais possam cultivar a ilusão.


XAVIER, Francisco Cândido (PELO ESPÍRITO NEIO LÚCIO). Jesus no Lar. Rio de Janeiro; FEB, 1986 (p. 111-114).


    

sábado, 27 de novembro de 2010

Desordem

“Das suas constantes desordens nascem as suas freqüentes necessidades; e das suas freqüentes necessidades os constantes pedidos; e destes as freqüentes dietas; e do seu pouco critério as fracas soluções e fraquíssimas execuções”.
(MAQUIAVEL)

sábado, 23 de outubro de 2010

EU SOU EGOÍSTA

EU SOU EGOÍSTA

Se voce acha que tem pouca sorte
Se lhe preocupa a doença ou a morte
Se voce sente receio do inferno,
Do fogo eterno de Deus, do mal

Enquanto eu sou estrela no abismo e no espaço
Pois o que eu quero é o que penso e o que faço
Onde estou não há bicho papão, não

Eu vou sempre avante, no nada infinito
Flanejando o meu rock o meu grito
Minha espada é guitarra na mão

Se o que voce quer em sua é só paz
Muita doçura seu nome em cartaz
E fica ratado se o açúcar demora
E voce chora, cê reza, cê pede, implora,

Enquanto eu provo sempre o vinagre e vinho
Eu quero e ter tentação do caminho
Poi o homem é o exercício que faz

Eu sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel
E que a guerra é produto da paz

O que eu como a prato pleno,
Bem, pode ser o seu veneno,
Mas, como vai voce saber? sem tenta!?

Se voce acha que eu digo facista,
Mista, simplista, ou ante-socialista,
Eu adimito, voce tá na pista.
Eu sou ego, eu sou ista,
Eu sou ista, eu sou ego,
Porque não...
Eu sou egoísta, eu sou egoísta

Raul Seixas

terça-feira, 31 de agosto de 2010

BIBLIOTECA ROMANCEIRA DONA MILITANA

A rua principal, centro da cidade de São Gonçalo do Amarante, fechou. Lá estavam o Prefeito da Cidade, Jaime Calado, e toda a sua tropa. Banda de Música, discursos e agradecimentos para todos os níveis foi o que aconteceu naquele dia. O pessoal ligado à educação do município agaradecia ao prefeito quase que orando ao chefe político do executivo municipal. O de menos foi as falas sobre a homenageada da festa - a respeitada e imortal Dona Militana, que já não está mais entre nós. A neta dela falou algumas coisa que, devido a qualidade da aparelhagem de som, usado para os falantes, pouco se entendeu. Disse que a avó era reconhecida nacionalmente, que tinha orgulho da avó Dona Militana e que agradecia em nome dos familiares a homenagem prestada. O prefeito se ocupou mais em falar dos seus antecessores, que em anos e anos não haviam feito nada, e dizer que, além da biblioteca, ora inaugurada, outras ações como aquela iriam acontecer no município, pois um povo sem leitura era um povo irreflexivo, "alienado e sem dicernimento para o bem ou o mal". E, por último, lembrou-se da homanageada, antes de encerrar sua fala disse dos valores que Dona Militana representava e que aquela casa de livros serviria para consultas, pelas crianças em idade escolar e todo o povo sãogonnçalense. Aquela, para ele ( o prefeito), era a inauguração de uma obra que cem anos ou mais, depois, outras gerações iriam reconhecer o valor da iniciativa municipal - uma biblioteca inaugurada no mês de agosto/2010. O discurso do prefeito empogou a sua tropa e os súditos que nele acreditam. Naquele dia eu estava lá vendo e ouvindo tudo. Triste fiquei menos de uma semana depois da festa de inauguração: umas quinze crianças, ainda no ensino fundamental, que teriam sido orientadas por suas professoras a pesquisaream sobre assuntos diversos na recém inaugurada biblioteca "ROMANCEIRA DONA MILITANA" - Centro da Cidade de São Gonçalo do Amarante, esperaram das 13h às 16h da última sexta-feira (27/08/2010) ao ponto de desistirem por não aguentarem mais aguardar o retorno da bibliotecária, que teria ido para o almoço e até aquele momento ainda não havia retornado. Dezesseis horas é o horário de encerramento do atendimento ao público pela biblioteca. Lá está posto na porta do prédio - "ATENDIMENTO AO PÚBLICO - das 8h às 16h. O que diria Dona Militana de um atendimento assim, onde as crianças que necessitam pesquisar na biblioteca que leva o seu nome desitem de esperar por motivos de o estabelecimento, que deveria está aberto, encontrar-se com as portas cerradas. Salve, Dona Militana! Mas, a biblioteca que leva o seu nome tomara que venha a funcionar e atender, pelo menos, as crianças sãogonçalenses um dia.

domingo, 22 de agosto de 2010

CATULO DA PAIXÃO

Um boêmio sem medida
Homem que amava a vida
Entre tantas as feridas
Do amor e da paixão
Sempre se mostrou feliz
De transbordar coração.

Feliz por amar os outros
Feliz de sabedoria
Boêmio de cantorias
Cantarolando rumava
Ciente do que cantava
Para alegrar almas frias.

Nas noites de serenatas
Com seu instrumento ao lado
Tinha como inspiração
As luas que apareciam
E tome mais alegria
Com ajuda do violão

Sentimento de boêmio
Difícil de se aceitar
Sociedade esquisita
Um pobre jeito de olhar
Mas, para curar feridas
Ele, sim, a se expresssar.

Foi-se o homem e ficou
Em nós a sua memória
Nem sei quanto tempo faz
Mas, há muito foi embora
Catulo ainda nos lembra
Aquele luar de outrora

O céu já não é azul
O horizonte é cinzento
As estrelas ofuscadas
Já não há mais sentimento
Maranhese onde estiveres
Escutai esse lamento

Oh! oh! Que saudades!?
"Não há, oh! gente, oh! não,
Luar como 'aquele' do sertão!"


Natal/RN, 26 de outubro de 2007
Chico Walderedo

Uma homenagem a CATULO DA PAIXÃO CEARENSE
Que, apesar desse nome, teve como cidade natal São Luiz do Maranhão/MA, onde nasceu em 08 de outubro de 1863. Filho de um Cearense (Amâncio José Paixão Cearense) e de uma maranhense (Maria Celestino Braga); faleceu no Rio de Janeiro no dia 10 de maio de 1946.
(WIKIPÉDIA - A enciclopédia livre)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O QUE FAZER?

A violência contra crianças acontece sob nossas vistas e não podemos, em certas situações, fazer nada, apesar dos especialistas - aqueles que vivem de teorias e longe da realidade - dizerem que sim, todos podem fugir da omissão e intervir diante de tais ou quais situações. Vejam essa historinha: Dona Mocinha chega à polícia e diz: "seu policial a minha filha de 11 anos de idade, ainda uma criancinha, fora estuprada por um moço de nome que nem sei dizer, que mora vizinho a minha casa e eu exijo proviências, quero que o Sr. mande prender aquele monstro." O policial, como de praxe, depois de ouvir a mulher, faz o registro do velho Boletim de Ocorrência, expede uma Solicitação de Exame de Corpo de Delito e orienta a mãe da estuprada, desesperada, procurar o instituto médico legal, com a solicitação em mãos, para fazer o procedimento dos exames, e, a partir daí, com resultado e comprovação do crime, a polícia entraria na execussão do processo com, até, a prisão do estuprador. Assim se procede, conforme o que sei! Mas, a mesma mulher, Dona Mocinha, que fizera o registro do Boletim de ocorrência, contando um história escabrosa e se horrorizando, ela mesma, com a tal situação, volta no outro dia, sem o resultado do exame - pois não foi feito - dessa vez com a filha menor de 11 anos acompanhando, à polícia e diz: "Moço, voltei para retirar a queixa que fiz contra Claudinho. Ele é um rapaz bom e foi enganado pela minha filha. Ele transou com ela porque ela disse, a ele, que já tinha 17 anos. Ele também tem 17 anos! Ele gosta demais dela e ela também gosta muito dele. Nem sei porque eu vim fazer essa queixa. Acho que foi as vizinhas me enchendo a cabeça. Ele nem sabe que eu vim. E, além disso, minha filha disse que não quer fazer exame nenhum e que vai ficar com ele, custe o que custar." Nesse momento, o policial diz a mulher que houve cometimento de um estupro, pois, conforme a lei, mesmo com o consentimento da "garota", tal transa é considerada crime, devido a idade, e que deve ser apurado. Diz, ainda, que ela, a mães, está sendo conivente com a prática de um crime. A mulher, perece não compreender nada do que o policial narra, já chorando, não pela filha ter sido estuprada, mas pensando que o Claudinho não iria assumi-la, revela que ela, queixosa, teria consentido que os dois "ficassem", e que só teria ido à polícia prestar queixa devido a filha lhe ter feito uma raiva e como vingança iria separá-la do namorado. Pergunto: Onde estão os valores e quem vai se meter num rolo desses, meu amigo? Essa queixosa já havia passado pelo conselho tutelar e, segundo ela, não conseguiram orientá-la ao caminho resolutivo. Só sei que vai parar na polícia.